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“Somos anti-shoe. Somos anti-botas. Somos anti-sandálias.
E somos, definitivamente, anti-chinelos.
De facto, somos anti qualquer coisa que não proteja as suas costas do impacto corrosivo das superfícies duras e planas. Somos anti qualquer coisa que não melhore a sua postura. Somos anti qualquer coisa que não proteja as suas articulações ou não tonifique os seus músculos simplesmente ao estar de pé. Na verdade, somos anti qualquer coisa que não melhore a sua vida. No entanto, existe alguma coisa que possa calçar e que faça tudo isto? Aí sim, podemos dar o nosso apoio”.
CALÇADOS QUE CURAM
A MBT chegou a Portugal há algum tempo, e me lembrou um antigo sucesso das indústrias que procuram uma tecnologia de calçado que ajude na postura, nos problemas de coluna, etc., como foi o caso do Vá a Pé, fabricado no Sul do Brasil, que tem um calcanhar negativo em relação a frente. No caso dos calçados MBT, a situação é quase inversa. A sola do calçado é um grande arco alto, que tira a estabilidade do pé, não deixando o corpo 100% estático hora nenhuma. Para que isso? Para simular, ao caminhar, a irregularidade de terreno que faz com que os povos da floresta não tenham problemas de coluna. Através da irregularidade, o corpo mantem sua inteligência cinética em níveis muito altos e vai se reorganizando a cada passo. Testei o sapato, e é coisa de astronauta, fantástico. O preço dói um pouco, mas parece que os materiais são de fato muito bons, o que significa que o calçado durará por anos – o que compensa – ainda mais se os benefícios se fizerem de fato. Quanto ao Vá a Pé, usei durante alguns anos, não exclusivamente, mas em certas épocas mais do que os calçados comuns. No início parece que é preciso reaprender a andar. A musculatura da panturrilha é trabalhada de um jeito diferente no caminhar. E ele de certa maneira reensina pessoas condicionadas aos amortecedores super-eficientes – que fazem o pé esquecer de entrar no chão com o devido cuidado – a caminhar do jeito certo. Passado algum tempo, porém senti desconforto, e não há dúvida que a menos que haja uma boa estabilidade sobretudo abdominal, o tênis pode se mal usado gerar novos impactos negativos sobre o corpo. Assim, recomendo o uso em revezamento com outros. Acredito que o “anti-shoe” deve ser mais um desses calçados do revezamento. Se o sistema locomotor tiver de se comportar e adaptar de forma diferente a cada vez que caminhamos, teremos um excelente trabalho neuromotor, o que manterá o corpo perfeito e dono de si.
Para o ser humano que hoje vive na urbe, sempre em superfícies muito rígidas e regulares, é necessário uma compensação, e isso torna o calçado a peça mais importante do vestuário atual! Invista!
(Arnaldo)
* Arnaldo V. Carvalho é naturopata. Acesse http://www.arnaldovcarvalho.com e conheça seu trabalho